domingo, junho 12, 2011

Viajar para sempre

Lágrimas de água salgada


De tanto chorar
Dobras veem a se criar
Em minha face sofrida
De mil lágrimas guarnecidas 

Derramo água salgada
Por aqueles amargos
Que não me deram doces
Mas beijos azedos

Em preto e branco 
meus olhos descansam
Esperam por luzes
Que possam colorir de novo
Um mundo novo
Sem lágrimas de tristeza

Quero água doce em minhas pálpebras
Correndo como rios em minha pele
Pingando feito chuvisco em meus pés
Que estarão leves no fim
                                                                                                   [quando tudo acabar

Devaneios

Me pego pensando e olhando para os objetos e pessoas e percebo que não estou sentindo-as, não me importando com elas, é como se meu cérebro desliga-se. Até sinto uma tontura, pois meus pés quando movidos rejeitam o chão que pisam e acham estranho o atrito que minha imaginação não avisou que existia. 
É, às vezes também me pego pensando em você, naquelas horas em que mexo numa mecha de cabelo e olho para o quintal, sentada na poltrona amarela da sala, com a televisão emitindo vozes que por mais que eu queira que não sejam ouvidas, eu reluto em desligá-las pelo fato de serem minha companhia quando você está longe.
Já disse para os outros que meu cérebro desliga mesmo, e não entendo o que eles dizem e nem quero. É estranho saber que existem momentos assim, e por causa deles indago a minha existência. Não dá pra explicar com exatidão essa sensação, mas eu sei que ela existe, só não sei provar se é sonho ou não.

sábado, junho 11, 2011

Emprego de quem não quer nada


Se meu emprego for fotografar
Belas serão vistas as árvores e o mar

Se meu emprego for pescar
Grande será o barco de remar

Se meu emprego for cozinhar
Prazeres novos vou criar

Se meu emprego for viajar
Instigantes serão as histórias de contar

Se meu emprego for somente andar
Caminhos diferentes percorrerei
Até um novo emprego ganhar
E minha vida viverei

Cold

Me tornei um bloco de gelo. Não aceito toques e abraços de pessoas que não conheço por que não sou acostumada a isso, nunca fui. Às vezes penso ser uma fase, mas esse sentimento de repugnância sempre está aqui, e até pelos meus familiares eu sinto isso. 
Não, não é adolescência.
É apenas falta de treino com as pessoas, falta de um amor. O beijo e abraço que tanto quero primeiro precisa ser de alguém que eu arrisque tudo por. Alguém diferente de tudo que conheço, e que me ame na mesma intensidade. Ah, mas que tola, como posso pensar nisso? Dois indivíduos se amando na mesma intensidade? Impossível. Mas, já que isso não existe, que pelo menos nós possamos viver juntos sem ter que fingir prazer.
Até hoje não chegou esse alguém, e ainda continuo gelada, fria e "casmurra", velha para alguns. 
Mas essa esperança tem de acabar. Eu sei que nada que meus sonhos são vão se realizar, e eu devo viver a realidade, que por sinal é muito tediosa. Eu preciso me adequar a esse mundo.

Interesses

Eu criei uma teoria há muito tempo, mas nunca a escrevi e nem disse a ninguém. Minha teoria surgiu de experiências que tive com pessoas, seres que muito me interessam. 
Ela se baseia na ideia de que todas as relações existentes e até inexistentes entre os seres humanos são motivadas apenas por interesse. Tá, muita gente já disse isso mas, quando eu pensei sobre o assunto eu percebi que o amor de que tanto ouço na verdade não existe. Existe    
apenas o querer estar bem por meio da existência de outro. E isso abrange todos os tipos de amor: amor de mãe, de irmão e irmã, de pai, tio, avó, namorado, amante, do papagaio, do trabalho, dos hobbies etc. Porque tudo o que fazemos é sempre direcionado a satisfazer nossos desejos, seja para o bem ou para o mal. E todos eles dependem da fase presente que vivemos. 
Se estou com raiva, o meu interesse é que todos fiquem com raiva também e que partilhem desse momento comigo, e é por isso que quando estamos assim não tratamos ninguém com cortesia, exceto os atores da vida.
Se estou desconfiada, meu desejo é excluir todas as minhas dúvidas contando aos outros meus pensamentos ou os enchendo de perguntas.
Se estou louca, quero que todos também fiquem loucos para que não me chame de louca.
É difícil saber, mas o amor que tanto achamos difícil explicar, na verdade nem precisa mais, porque não existe.

SP

A cidade me tranca, me fecha em um calabouço tecnológico e velho em beleza. As ruas podem até ser limpas e as lojas luminosas, mas o calor do sol não participa desse clima, que sufoca-me de sujeira. 
Viajei ano passado para uma das maiores metrópoles do mundo, lugar onde nasci. Na janela do avião, já via o céu nublado e um espesso nevoeiro bloqueando minha visão. Porém, mais tarde, o sol foi saindo e permitiu que eu observa-se a cidade de cima, em todos os seus milhares de prédios e casas, amontoados em morros que me lembraram das montanhas de areia que ainda faço na praia. 
No táxi, impressiono-me com o tamanho das casas, pequenas, sem um quintal decente para uma criança brincar, e falando nisso, também não vi nenhuma criança brincando nas ruas, e olhe que era tempo de férias. As ruas são estreitas demais, e os gigantescos prédios não deixam a luz do sol passar, e materializam paredes de um cômodo de ruas.
Minha primeira impressão não foi boa, mas o tempo foi passando, e enquanto saía às ruas conheci melhor o ambiente e suas pessoas. Algo que me agradou muito foram os centros culturais, onde pude contemplar várias obras de artistas de que tanto estudei, como pinturas, esculturas, livros, e até instalações. Mas, por outro lado, vi que os habitantes da cidade mais famosa do Brasil não são nada simpáticos (claro, existem excessões), e seu modo de vida não é como o meu. Não sabem aproveitar a natureza e nem sabem o que é praia.
Não consigo viver em cidades grandes.